No dia 08 de junho estreia As Horas Entre Nós, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. O espetáculo, com direção de Joelson Gusson, é uma releitura do romance Mrs Dalloway, de Virginia Woolf, ambientada no Rio de Janeiro dos anos 70, e conta com recurso do FATE. Em cena estão Carolina Ferman, Cris Larin, Cristina Flores, Joelson Gusson, Leonardo Corajo e Lucas Gouvêa.
Em As Horas Entre Nós Clarissa Dalloway (Cris Larin) é uma socialite famosa que vai dar uma festa de gala. O aparecimento de Pedro (Lucas Gouvêa), o seu primeiro amor, regressado da Europa, reaviva o passado, trazendo-lhe a memória dos frustrados sonhos de juventude que, muitos anos antes, a precipitou num casamento sem brilho. Uma mulher que amava a vida, mas que se sentia oprimida por uma sensação de perda emocional, de aperto da sua existência. A singularidade desta estória vem dessa espécie de duplo de Mrs. Dalloway, que é Septimus Smith (Joelson Gusson), um homem enlouquecendo com o trauma das torturas sofridas e com quem Clarissa parece partilhar uma mesma consciência. Septimus, com suas alucinações e esquizofrenia, é um importante contraponto a Clarissa: uma chaga aberta, a sua dor exposta ao mundo, o ressentimento, a sua intimidade; que ela esconde em seu silêncio e cobre-o com uma capa de falsa confiança, com suas festas.
O Romance de Virginia Woolf se passa no verão após o final da Primeira Guerra Mundial, quando tudo parecia estar dando certo – os dias claros, os soldados voltando do campo de batalha e as pessoas reconstruindo suas vidas. O que este momento de alegria escondia era justamente uma falsa segurança com relação ao momento político – os soldados retornando enlouquecidos com as atrocidades que tinham presenciado e perpetrado, uma economia de fachada que pretendia-se saudável e um império prestes a desmoronar com o advento da Segunda Guerra.
O paralelo traçado aqui, trazendo esses personagens para o Brasil dos anos 60/70, não é muito diferente. Estamos em 1978, Geisel revoga o AI5, promovendo a anistia e iniciando a “abertura lenta, gradual e segura”. Os exilados retornam, as torturas cessam(?) e a economia vai de vento em popa com o “milagre econômico”. O Brasil é o tricampeão mundial de futebol, e segue corajoso para um futuro naufrágio nos anos 80… e Clarissa Dalloway vai dar uma festa.
Durante este dia, ela recebe a visita de seu antigo namorado, Pedro, que teve que deixar o país e por quem Clarissa sempre foi apaixonada. Este encontro a desestrutura totalmente e a faz refletir sobre seu conveniente casamento com Ricardo (Leonardo Corajo), um militar de alta patente no Exército. Paralelamente, temos as figuras de Septimus e Lucrécia (Cristina Flores), um casal de amigos de Clarissa, que luta contra a esquizofrenia dele, potencializada por meses de prisão e torturas.
Ao final, durante sua glamorosa festa, Clarissa recebe a terrível noticia do suicídio de Septimus e reavalia todos os seus valores e escolhas.
SERVIÇO:
Temporada: de 08 de Junho a 15 de Julho
Local: Espaço Cultural Municipal Sergio Porto
Endereço: Rua Visconde Silva s/nº – Humaitá
Gênero: drama
Duração: 85 minutos
Horário: Segundas, sextas e sábados, às 21h, e domingo, às 20h
Informações: (21) 2535-3846
Ingresso: R$ 30,00 (inteira) / RS 15,00 (lista amiga e meia entrada)
Bilheteria: quarta a domingo, a partir das 17h
Capacidade: 98 lugares
Classificação indicativa: 12 anos